PANCADAS NA PORTA

– Abra. É a polícia.

Ele acorda, sobressaltado. A polícia? “Mas o que querem comigo”, pensa, tentando reconstituir os episódios da noite anterior. A cabeça ainda dói, a boca amarga. O porre. De mais nada consegue se lembrar.

– Abra!

Levanta para atendê-los.

Antes de abrir a porta, vê-se no espelho. Manchas de sangue em sua camisa.

Novas pancadas. Afasta-se.

– Se não abrir, vamos arrombar – gritam do outro lado.

A janela está aberta, convidativa. O hotel tem 13 andares; por sorte, hospedara-se no segundo. Tenta lembrar o que fizera de errado, mas as batidas cada vez mais fortes não deixam; vão derrubar a porta a qualquer momento. Fugir, não há outro jeito. Ele, então, corre para janela e salta. Nesse instante, retornam à lembrança fragmentos da noite passada. O encontro com a loira no bar do hotel. Palavras trocadas, drinques, carícias. O convite: “Vamos para o meu quarto”. Entraram no elevador, a caminho da cama dela: o último andar.

Lembra-se de chegarem à porta. A memória, no entanto, não passa daí. Apenas seu corpo continua a passar, um a um, pelos 13 andares.

[gORj]

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