Tire os Pés do Chão

A letra vaga do axé golpeava como os socos vãos, multiplicando-se pela multidão anônima e alheia. Sua boca grisalha clamava por companhia enquanto a outra boca ria. Um genocídio existencial tirava os pés do chão e enchia de poeira a roupa boy. Travestido em sua própria juventude, sentia o gosto de Danone depois dos beijos-relâmpago, beijos-recorde que sumiam como somem os próprios sonhos. Madruga termina, dia-a-dia clareia, kitinete aguarda. O abadá suado não tiraria o sal dos olhos, das rugas.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 29/10/2011
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