Tire os Pés do Chão
A letra vaga do axé golpeava como os socos vãos, multiplicando-se pela multidão anônima e alheia. Sua boca grisalha clamava por companhia enquanto a outra boca ria. Um genocídio existencial tirava os pés do chão e enchia de poeira a roupa boy. Travestido em sua própria juventude, sentia o gosto de Danone depois dos beijos-relâmpago, beijos-recorde que sumiam como somem os próprios sonhos. Madruga termina, dia-a-dia clareia, kitinete aguarda. O abadá suado não tiraria o sal dos olhos, das rugas.