Os galhos das mangueiras estão arcados, carregados de mangas. Penso que os sonhos, igual à manga mais apetitosa, moram em árvores encorpadas e ficam no galho mais fino. Uma sacudida mais forte e caem esborrachando-se. Não foram poucos os meus sonhos esborrachados. Outras vezes caiam rolando pra lugares que não via e sumiam pelas moitas da vida. Outras, depois de tanto esforço pra pegá-los no galho com a mão, constatava que já estavam bicados por pássaros e com um inseto morando dentro deles. Pior de tudo foi quando percebi que muitos dos meus sonhos já vinham com o sinal de mordidas. Quem os teria comido?
Hoje não é mais assim. Outrora vinham mordidinhos, hoje, meus sonhos são devorados. Apalermado, não sei quem está devorando meus sonhos. Daí ter tomado uma decisão drástica e brilhante: caso tenha algum sonho, escondo logo dentro de mim. Se for preciso, viro-me do avesso. Pulo da mangueira dos sonhos aos saltos e tropeços e faço do fim o começo.
Hoje não é mais assim. Outrora vinham mordidinhos, hoje, meus sonhos são devorados. Apalermado, não sei quem está devorando meus sonhos. Daí ter tomado uma decisão drástica e brilhante: caso tenha algum sonho, escondo logo dentro de mim. Se for preciso, viro-me do avesso. Pulo da mangueira dos sonhos aos saltos e tropeços e faço do fim o começo.