Cativeiro

O dia amanhecia manso, com coisa que não houvesse dia. Um vento soturno e gelado aniquilava a cantoria premonitoriamente sóbria de quem o mundo fita por entre grades finas. Asinhas atadas. Um mundo cronometrado, listrado e amargo me atirava flashes de uma liberdade saudosa e quente. O ninho caseiro, a paisagem mutável e a companhia calma de um biquinho materno e doce se mostravam vãos a uma sentença perpétua, injusta e hostil de um juiz de botas, risos e latinhas cheias de alpiste, acreditando, em vão, alimentar a alma.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 15/10/2011
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