NA SALA DE ESPERA
Na parede e na persiana sobressaía o tom creme. A sala em si era acanhada. No canto esquerdo, de frente para a porta, havia um escaninho onde uma secretária atendia o público. Diante dela, na parede oposta um sofá de couro verde turquesa de três lugares. O teto era alto, de madeira, como também os rodapés da sala. O piso, feito de lajotas lisas, era cor de areia. Atrás da persiana entrevia-se uma janela de caixilhos que jazia fechada ao longo do tempo, e dava a vista do saguão do pavimento. Naquele lugar o tempo ficava compacto, quadrado. Os ponteiros bolcheviques avançavam tão sem pressa que a cada segundo que passava, volviam dois.
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