AÍ CHEGA ALGUÉM
...“A cama tem lençóis e cobertores completamente revirados, as pontas tocando no chão. Na mesinha de cabeceira, um relógio e um cinzeiro abarrotado de tocos de cigarro infestam o ar do quarto. Pela vidraça, a névoa ganha uma tonalidade cinza, meio azulada. Um tênue raio de sol incide sobre a mesa, onde se espalham muitos recortes de jornal. Ao pé da cama, amontoam-se calças, saias, blusas, camisas, jaquetas. Deitada na cama, olhando fixamente o teto, uma mulher acaba de acordar.
Tocam a campainha..."
Quem será? Ela olha o relógio e pensa sobre quem poderia ser esta hora da manhã. Só pode ser algum problema, diz. Olha-se no espelho na parede ao lado de sua cama e calmamente se levanta. Sente-se ainda entorpecida. Não tem mais vinte anos, mas sua aparência, apesar dos cabelos totalmente desalinhados não a deixam feia, pois seu semblante demonstra alegria e bem estar.
Novamente escuta a campainha. Espera que alguém atenda a porta, mas o silêncio é total. Observa o desalinho do quarto. E com um sorriso nos lábios não sente incomodo algum por isso. Abre as cortinas da janela do quarto e visualiza o jardim, notando que o dia esta cinzento. Recorda-se da noite anterior e sorri marotamente.
Outra vez a campainha toca. Ela chama alguém, mas como não obtem resposta, sai do quarto e dirige-se a porta para ver quem insistentemente aguardava e, ao abri-la depara-se com um lindo ramalhete de rosas vermelhas. Sente-se feliz, mas ao escutar o jovem entregador lhe perguntar se este era o endereço Manuela, ficou decepcionada, mas com postura e sorriso altivos, ela respondeu, sim, ela é minha enteada.