O vencedor vencido.
Era o espermatozóide que venceu a corrida, mas não pode comemorar a vitória.
Expulso foi do ventre que o deveria acolher. Sem julgamento nem direito à defesa.
Indefeso e só, sofreu a amarga e irremediável dor da perda e da impotência.
Os planos para a nova vida foram adiados. Antes era urgente curar a dor e a desesperança, a imponderável sensação de abandono e vazio.
Antes era urgente curar a revolta contra aquela que o repudiou, negando-lhe o direito de uma existência plena de oportunidades de ser e conviver.