Noturno em Rio Branco

O relógio da matriz batia dez horas

Sob a lua cheia os amigos caminhavam pela noite

Os assuntos das penas da vida, e da maldade dos homens

Sempre submetidos a crença na força que a liberdade e a felicidade

Molda no peito dos que não desitiram de sonhar

Nem de usar as armas de que dispõem para trazer à realidade seus sonhos

Os arremedos de canions urbanos

Boicotados pelas esparsas casas antigas que teimavam em se impor

Contra o progresso do mal gosto de todo esquecimento e afetação

Não conseguiam esconder a lua, aparição gloriosa na noite mineira

Que lembrava todas as músicas, das serenatas, das rodas de violões

Dos gostos das comidas rechedas de histórias do que foi muito antes

E cada passo martelava no chão tantas vezes caminhado

Todas as histórias, nossas, dos amigos, dos pais, avós e do mais

Todas as vivências da infância, juventude, das de adulto

Das histórias dos velhos, das festas, das decepções, todos os caminhos

Trilhados por nós e por aqueles com que aprendemos

Batia em cada passo na calçada de grandes pedras capistranas

O tempo, matéria da qual se fazem os homens estava ali

Presente, com passado e futuro em cada passo

Em cada palavra, em cada sentimento, em cada gota do sereno que se inciava

A crença na vida, nos amigos, nos amores, e o saber do limite de todos esses

E o saber que o limite que a vida nos impõe, por sua força e nossa fraqueza

Não diminui em nada toda a beleza que nos cerca em uma noite enluarada

Sanyo
Enviado por Sanyo em 12/09/2011
Reeditado em 24/12/2011
Código do texto: T3216144
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