Trinta e cinco
Enquanto amarrava as ataduras nas mãos, refletia nas suas trinta e cinco lutas. Vencera todas por nocaute. “Uma para cada ano da minha maldita vida ele pensou”.Bipou uma mensagem no celular. Suspirou. Despediu-se das luvas de boxe. Furtivo saiu pelos fundos. Na rua uma escada de cordas caiu aos seus pés. Um balão enorme pairava sobre ele.
- Sobe logo amor. - Uma garota gritou do cesto do balão.
- Vou fugir da máfia e você me aparece com um balão?
- Querido, se quiser previsibilidade, volte para o seu ringue cuspir sangue sem sentido algum. Aqui em cima só precisamos da coerência do vento, ok?
O cinturão de campeão ficou na calçada. Mas valeria a pena enquanto houvesse amor, ou vento o suficiente.