Trinta e cinco

Enquanto amarrava as ataduras nas mãos, refletia nas suas trinta e cinco lutas. Vencera todas por nocaute. “Uma para cada ano da minha maldita vida ele pensou”.Bipou uma mensagem no celular. Suspirou. Despediu-se das luvas de boxe. Furtivo saiu pelos fundos. Na rua uma escada de cordas caiu aos seus pés. Um balão enorme pairava sobre ele.

- Sobe logo amor. - Uma garota gritou do cesto do balão.

- Vou fugir da máfia e você me aparece com um balão?

- Querido, se quiser previsibilidade, volte para o seu ringue cuspir sangue sem sentido algum. Aqui em cima só precisamos da coerência do vento, ok?

O cinturão de campeão ficou na calçada. Mas valeria a pena enquanto houvesse amor, ou vento o suficiente.

Fábio Monteiro
Enviado por Fábio Monteiro em 08/09/2011
Código do texto: T3207638
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