O dedo indicativo e abestalhado de Terezinha

Era companheira cúmplice e mãe correta; o primeiro lhe arrebatou a utilidade e os filhos.

Em alegria e esperança construía novo lar; o segundo sequestrou senso de justiça e paz, e ela perdeu muito de juventude pagando o resgate.

O terceiro ofertou-se sem pensar, pediu pouco e recebeu demais, depois prendeu amor, paixão e sonho em gaiola alta, translúcida...

Como quem não pede nada, o quarto lhe chegou, falsificou papéis abstratos e reais (afinal, um roubo!), e fugiu à tardinha - porque, para ela, sempre era madrugada.

O quinto pisará seus pés... abduzirá seu ar, esmagará sua vida - a morte não esperada, planejada ou desejada, morte certa, sim.

O velório aos poucos acontece; ela pede nenhuma reza e já dispensou mortalha e carpideiras.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 17/08/2011
Reeditado em 20/09/2011
Código do texto: T3164812
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