O dedo indicativo e abestalhado de Terezinha
Era companheira cúmplice e mãe correta; o primeiro lhe arrebatou a utilidade e os filhos.
Em alegria e esperança construía novo lar; o segundo sequestrou senso de justiça e paz, e ela perdeu muito de juventude pagando o resgate.
O terceiro ofertou-se sem pensar, pediu pouco e recebeu demais, depois prendeu amor, paixão e sonho em gaiola alta, translúcida...
Como quem não pede nada, o quarto lhe chegou, falsificou papéis abstratos e reais (afinal, um roubo!), e fugiu à tardinha - porque, para ela, sempre era madrugada.
O quinto pisará seus pés... abduzirá seu ar, esmagará sua vida - a morte não esperada, planejada ou desejada, morte certa, sim.
O velório aos poucos acontece; ela pede nenhuma reza e já dispensou mortalha e carpideiras.