INDIFERENÇA
Luna, divina e maravilhosa, chegou ao restaurante. Estava atrasada e sabia qual havia sido o motivo para que isso acontecesse. Muitas coisas haviam passado em sua cabeça.
Com os olhos visualizou onde Paulo estava e a passos lentos, mas decididos, dirigiu-se a mesa. Notou que havia uma garrafa de vinho e dois cálices em cima da mesa.
Como Luna o conhecia de longa data, sabia que o nível de tolerância dele em relação a pontualidade, ficar a espera de alguém, era muito pequeno e por este motivo ela tinha adquirido uma certa habilidade em desarmá-lo, sem utilizar qualquer tipo de discussão.
Sentou a sua frente e diante a indiferença dele ao vê-la, pela forma como ele estendeu a mão ao cumprimentá-la, pelo jeito nada cortes em servir vinho no cálice e lhe oferecer, sentiu que era chegada a hora de colocar o que a angustiava.
Após iniciar a bebericar o vinho, calmamente perguntou a ele:
- Demorei?
- Nem tanto, respondeu Paulo.
Mas ela sabia que esta resposta não era sincera. E a indiferença lhe remoeu. Ele era importante para ela, mas muito insensível. Várias pessoas haviam lhe dito que ele era “tipo oportunista”, possessivo, pois para galgar os degraus, atingir suas metas, não media esforços e o fazia, mesmo usando quem quer que fosse.
Frente a insinceridade de Paulo, com voz firma Luna sentiu a força necessária para dizer a ele:
- Paulo, quero que você compreenda, tenho pensado muito em nós nos últimos dias, principalmente em nossas diferenças.