DESTINO ERRÁTICO
Cai-lhe a tarde. Expurga o visual de dissimulada formalidade: arregaça as mangas, desata os cadarços, descalça-se. Ao longo, o sol se põe em incidentes raios de solidão. Desfaz a gravata e o par de meias, que já não lhe convêm; não percebe que se decompõe enquanto se desalinha! Livre de laços, o dia recomeça a escurecer ... seus pés tocam os frios grãos do solo. Só, sobre pensamentos, caminha sem rumo. A noite vem e, então, no auge da penumbra, quando olhos nem coração vislumbram esperanças, onde reclinar a cabeça? Como e junto a quem compartilhará o corpo seus desejos e prazeres? Na dilação da madrugada, sobre brancos de lembranças, estende lapsos de apreensões e ignora seu fim.