A SUAVIDADE DAS MÃOS DA GUEIXA
Sentado no tatame da casa de chá, ele pôde apreciar aqueles olhos da cor avelã, cuja maquiagem os transformava numa expressão amendoada, embora fossem docemente orientais.
Estava ela vestida com o quimono mais longo e de finos detalhes bordados. Seus passos eram delicados, para que não se perdera a estética de seus movimentos.
Ele admirava aqueles lábios pintados com o vermelho intenso, parecido a um coração no centro daquele branquíssimo rosto, pálido, pelos segredos de um pó especial.
Ela, cujos cabelos negros estavam meticulosamente amarrados num coque, um deleite para que ele pudesse se deslumbrar com a perfeição geométrica, lhe deu as costas para mostrar a mais bela flor dos jardins de Kioto.
Preparou-lhe o chá verde com suaves mãos treinadas para aquela ocasião. Ofereceu-lhe o mais belo canto. Compartilhou a beleza de uma dança milenar.
Ela lhe sorriu sem mover os lábios, apenas com a séria expressão de seu olhar.
Ele agradeceu aquele presente de boas-vindas na empresa.
Hora de retirar-se.