Um conto de outro mundo.

APRESENTANDO A INVEJA.

Numa conversa informal na seara dos desencarnados, foi assim que uma senhora, na sua calma residência, em companhia de um garotinho sereno, recebeu outra senhora, que chegou sem convite. Ela se chamava INVEJA.

Conversa vai, conversa vem, quem se apresentou de forma mais desdenhosa foi aquela criatura multifacetada, difícil de ser descrita, pelo grande poder de simulação que usava. - Vocês querem saber qual é a minha identidade? - Eu me orgulho por ser poderosa. Em tom solene e arrogante se apresentou: - EU SOU A INVEJA e faço parte da história do homem desde sua aparição e desde os tempos bíblicos. Já provoquei muitos estragos diz a estranha criatura, que ostentava uma coroa de ouro cravada de diamantes, braceletes de brilhantes, roupas recamadas de pedras preciosas, assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa. Dizia também: - Não poupei os irmãos Caim e Abel e até os fundadores de Roma, Romulo e Remo, que por minha causa houve morte.

Em face da revelação, indagou a senhora: - Se és tão rica e bonita e parece ter tudo o que desejas, porque praticas tantas maldades?

Reponde-lhe a Inveja: - Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são famosos e os que não são nada disso, eu estou sempre no meio deles, porque fico muito molestada onde há felicidade, amor, harmonia e como urubu na carniça me alegro onde existe o sofrimento a amargura e a desarmonia.

Esse diálogo franco demonstrava que apesar de todo o seu aparato, aquela visitante era a mais tenebrosa, rancorosa e falsa dos invasores. No ímpeto da sua inquietude para praticar o mal, e por não querer ver ninguém feliz, um inocente garoto que brincava alheio a tudo o que estava acontecendo nem sequer notou sua presença. Entretanto, a inveja, fazendo de conta que não se apercebera da criança brincando, esmaga o seu inocente brinquedo e diz: - Não gosto de ver alguém melhor do que eu, pois que nesse instante eu queria ser uma criança para poder brincar placidamente, como esse menino e não posso por não ser mais criança.

Algumas luzes apareceram, trazendo mansidão ao insólito diálogo, como interferência dos juízes do Universo, pra indagar sobre quem era para sair daquela residência.

A resposta foi dura e inquestionável: - Queremos que a inveja saia imediatamente, pois, ela não é bem vinda neste ambiente de pessoas serenas.

O menino, com ar severo e com a voz forte de um orador experiente diz: - Oh! tenebrosa inveja, que aparentas jovialidade e bondade, porque tens o dom de enganar, saia dessa casa pois que nem diante da grandeza de Deus você consegue portar-se com dignidade, cobiçando o seu poder.

Os invejosos sentem o seu orgulho ferido quando vêm o sucesso, não encarando o sacrifício que foi feito para alcançá-lo e procuram assim mesmo destruí-lo.

A Inveja exalava um cheiro de enxofre e as criaturas que sofreram com a sua presença saíram todos sem olhar para trás, e ao baterem a porta, um fulminante raio de luz invadiu o recinto. A senhora e a criança desintegraram-se.

Diz a lenda que eles viraram Anjos. A inveja desapareceu por algum tempo à procura de alguém promissor, em cuja residência, pudesse chegar sem ser convidada e distribuir desarmonia.

FIM.

(Adaptação do trabalho publicado no site Psicologia.or. br)

Machadinho
Enviado por Machadinho em 08/07/2011
Reeditado em 10/07/2011
Código do texto: T3083197