VIDA INGLÓRIA DE UM ESPIÃO DEPRESSIVO
O salão abarrotado lembrava uma feira livre. Ao invés de barracas de verduras, escritores gritavam os títulos de seus livros. Um autor equilibrava-se em pernas gigantescas de madeira, enquanto urrava ao microfone: "Pague um, e leve dez".
A todo momento, uma sirene anunciava os preços em queda livre. Algumas pessoas corriam. Para não perder a barganha literária, uma delas quase leva meu ombro. No meio daquele cenário caótico, tive a sensação de ouvir alguém sussurrar. Observei ao redor. Lá estava ele com um dos seus livros na mão. Em torno dos oitenta anos, pálido e magricelo, o escritor apontava o título na capa. E completamente rouco repetia:
- Leia, leia, leia: "Vida inglória de um espião depressivo". O melhor romance policial do século.
Sorri ao imaginar quantos leitores se deixariam seduzir por aquele título. Então, ouço o ruído estridente do despertador que, por um instante, lembra o som daquela estranha sirene.
A todo momento, uma sirene anunciava os preços em queda livre. Algumas pessoas corriam. Para não perder a barganha literária, uma delas quase leva meu ombro. No meio daquele cenário caótico, tive a sensação de ouvir alguém sussurrar. Observei ao redor. Lá estava ele com um dos seus livros na mão. Em torno dos oitenta anos, pálido e magricelo, o escritor apontava o título na capa. E completamente rouco repetia:
- Leia, leia, leia: "Vida inglória de um espião depressivo". O melhor romance policial do século.
Sorri ao imaginar quantos leitores se deixariam seduzir por aquele título. Então, ouço o ruído estridente do despertador que, por um instante, lembra o som daquela estranha sirene.