Mármore/Morto
De uma firmemente colocada, dissolutamente escondida janela, eu me afundo em seus olhos difeomorfos, globos cobalto, carcinogênicos talvez, bolinhas de gude como gelo, rodopiando em reverso, perseguindo o colorido celofane deslizando contra a parte de trás de sua córnea translúcida, preenchendo suas cavidades, maculando as íris de etnias desconhecidas, trancafiando genes em tiras de fluido DNA, e tudo que você lembra é que ele te deixou, cinza dócil nos céus e nos prédios também, chorando para a calçada as lágrimas sulfúricas de um século chuvoso, encharcando o casaco dele enquanto você lê uma nota, eu sonhei em 'era uma vez', naquele copo d'água de metades cruciais sob a mesa de canto, afluente, diminutas letras deterioradas, em borrões, e o reluzente metal de elementos químicos dançando uma tarantela fortuita por vontade própria, "their own accord", dentro de seus surrados acordes, multiplicando-se pela marcha letárgica da tinta corrente, ditando ao papel quebradiço embaixo do seu cérebro apenso,
(Ele esqueceu de assinar.)
'Eu te amava.'
E a marca dele cravada em seu pescoço pelo resto da eternidade,
Ele o fazia (amor).
E o agora sobra...