Meu mundo perfeito...
Estava tão frio, nem o fogo da lareira era capaz de esquentar aquele ambiente. Estava eu solitária no meio daquela gente tão superficialmente refinada, uma mistura de rapadura com caviar. E assim eu permaneci, nessa solidão conjunta, escutando palavras desconexas a minha realidade. Futilidades eram jogadas indiscriminadamente, tornando o ar cada vez mais irrespirável.
Sinceramente imaginei que aquela tortura mental não teria fim. E já num quase mudo desespero, eis que vejo, esquecido numa prateleira, um livro, um romance de José de Alencar, O guarani. Ai, comecei a folhear, até o cheiro de poeira que exalava teve o poder de me encantar. E assim, naquela deliciosa prosa poética, marco da primeira geração Romantismo, o meu frio cessou, o ar desanuviou, a solidão desapareceu, o tempo passou e meu mundo perfeito estava de novo comigo!