O filho imperfeito.
Ela sempre catou feijão com cuidado. Com a atenção nos grãos, com dedos ágeis separava: esse vai para panela, esse não, esse vai, esse não.
Assim, em pouco tempo, tinha uma panela com belos e perfeitos grãos selecionados, e a um canto, o resto. Os que sobravam, os imperfeitos, eram jogados no lixo e tudo estaria pronto. Tudo estaria garantido.
Quando nasceu o filho imperfeito, absurdamente lembrou-se dos feijões jogados no lixo. Esqueceu que a vida não oferece garantias.
Enfrentou a dura realidade de uma sociedade que trata pessoas como grãos de feijão.