O BELO HUMANO
O BELO HUMANO
Dia desses encontrei com uma amiga na rua. Na flor da juventude, sua beleza corporal a deixara vaidosa e arrogante. Em certa altura da conversa, o assunto versou sobre a beleza feminina, que, aliás, é o seu preferido, posto que se acha a expressão máxima de tal predicado.
Ela, de chofre, sapecou-me a pergunta:
– Você me acha linda?
Pensou, com essa pergunta à queima roupa, que o galanteador que mora comigo, rasgando sedas, elevasse-a aos píncaros do belo. Mas eu, no topo da minha idade e que não sou bobo de ontem, tirei do bolso do colete a simpatia necessária para não feri-la e ponderei:
– No invólucro a natureza usou o que há de melhor em matéria prima; modelou-a com a técnica de um torno de primeiro mundo; compôs com traços e adereços perfeitos o perfil do seu corpo. Você vai ser a mulher mais linda do Planeta Terra, quando juntar a isso tudo que está na minha frente, a singeleza e a empatia que são predicados da alma e moram no seu coração.
Minha amiga fez cara de quem comeu e não gostou, mas nada falou. Estalei-lhe um beijo na fronte, desejando-lhe:
– Feliz dia dos namorados, minha amiga!