NAMORADOS

Ao vê-la vestindo-se com sua camisola, sentiu a ternura daquela seda de cor branca. Seu corpo evidenciava uma pele flácida e seios caídos, os mesmos, que por tantas vezes deram o santo alimento aos seus filhos.

Olhou a delicadeza de seu punho, um pouco torcido pelas constantes queixas da artrite. Ainda com dor, jamais deixara de pegar um neto ou bisneto no colo.

Seu caminhar era lento e pausado. Apagar a luz do quarto requeria um tempo biológico especial. Tempo dela, tempo dele, momento da suavidade do bolero.

Já deitada na cama, abraçou-a com a mesma emoção daquela primeira vez na praça. Não houve beijos, porque naquele dia andava acompanhada de duas irmãs. Desde aquele instante, não pôde deixar de amar aqueles olhos e lábios de Greta Garbo.

E essa musa seguia ali, naquela cama, ao seu lado.

Eternamente namorados.

Nota: Para os que amam, para os que já amaram, para os que ainda conhecerão o amor, para os que já perderam seu grande amor, a todos, Feliz Dia dos Namorados.

Millarray
Enviado por Millarray em 09/06/2011
Reeditado em 21/06/2011
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