O sonhador.
Julgava-se esperto e imbatível. Intelectualmente superdotado, escapava da realidade em fórmulas verbais e intelectuais pretensamente infalíveis.
Pobre ser inocente e incoerente que vivia à deriva do trivial. Da solidão recorrente onde buscava refúgio, entre livros e descobertas geniais, sonhava com um mundo melhor.
Quando foi atingido na frágil couraça que tecera com as ilusões vencidas, apavorado confrontou-se: o mal existia, mesmo que na pureza dos anjos expulsos do paraíso não tivesse percebido.
O escárnio veio no reverso do que acreditava ser intocável e puro. Eis que a pessoa em que confiava era a mesma que agora o desprezava.
Era a vitória da nua realidade sobre um pobre sonhador.