NICOLAU, o gatinho PALOCCIANO...
Naquele dia turvo, o mansíssimo felino da raça Khao Manee, ronronava seu tédio enquanto se espreguiçava no macio travesseiro de penas de ganso do Danúbio. No aconchegante gabinete, já estava acostumado com o movimento, com o falatório e com os mimos de seu dono.
Nicolau reinava absoluto, muitas vezes sobre a mesa bem entalhada em mogno, deitava e rolava, enquanto seu dono recitava embasbacado, toda nobreza daquela penugem branca feito neve e daquele par de olhos, azul/âmbar típico da raça.
Entretanto, neste fatídico dia, havia algo incomum incomodando o ambiente, com passos confusos seu senhorio de meia idade atravessava a saleta, rodeava a mesa, teclava incansavelmente ao telefone, enquanto o pobre bichano sucumbia ao desvario.
Em algum momento, houve um silencio e os passos confusos declinaram, agora o homem rotundo organizava a mesa dividindo-a em duas partes, do lado direito, dispusera dossiês, arquivos secretos e um prato de petiscos sabor salmão e do lado esquerdo; projetos, extratos bancários, um histórico de seu desempenho parlamentar, uma carta de demissão e um prato de petiscos sabor Caviar. Era uma obstinada esperança que brotará em seu consciente, se o Polvo Paul havia acertado tantos resultados, porque o seu belo e sabido gato não haveria de ajudá-lo naquela irreparável decisão.
Sem perder tempo acariciou Nicolau e colocou-o sobre a mesa, foram minutos angustiantes pela indecisão do amado companheiro...
Horas mais tarde anunciava-se em rede nacional: Casa Civil anuncia demissão; Gleisi Hoffmann (PT) deve ocupar a vaga.