A Vidente

-Então, Sarah; o que dizem as cartas?

A cartomante abriu o tarô e logo arrependeu-se de tê-lo feito. Em 30 anos de profissão nunca tirou aquelas cartas que anunciavam um fim trágico, mas prometeu a Santa Sarah de Kali sempre dizer a verdade.

-Moça, sinto muito. Você morrerá.

-Não acredito que gastei R$ 50,00 para ouvir uma bobagem dessas. Você é uma vigarista mesmo! charlatã.

-Desculpe-moça, mas só falo a verdade.

A cartomante ao notar a decepção da moça, voltou-se junto a imagem de Santa Sarah e rezou.

A jovem saiu da sala de consulta irritadíssima. Ela era rica e tinha um bom nível cultural. "como posso perder tempo com supertições?". Decidiu nunca mais voltar a ler a sorte.

Já na rua, estava esperando no farol. O sinal abriu para os pedestres. Ela atravessou a rua com seu salto alto e uma roupa elegante, com jóias de ouro nos pulsos e no pescoço. Era sim, uma bela jovem e orgulhava-se disso, apesar de sua mãe sempre avisá-la que a beleza é vaidade. Chegou do outro lado da calçada. Ela desfilava ao andar, sabia que chamava a atenção de homens e de mulheres. Sentía-se confiante e lembrou-se do que a cartomante tinha lhe dito: "você morrerá." Pensou, que bobagem! e ao sorrir um pedaço de concreto de um edifício em construção caiu em cima do seu corpo esmagando-o, morreu na hora.

Anna Azevedo
Enviado por Anna Azevedo em 18/05/2011
Código do texto: T2977652
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