UM MINUTO, TRÊS SEGUNDOS
...Se a vida me entregasse um minuto e três segundos para enviar-te uma mensagem, o que eu poderia dizer-te?
Talvez aproveitasse esse tempo para te pedir perdão por não ter sido o super-herói que tu necessitavas. Apenas fui pai, com mais erros que acertos, e por isso me tens aqui, morando neste asilo.
Não te pediria que tu me tragas um prato de arroz e feijão porque meu estômago já não pode digerir alimentos sólidos. Gostaria sim, de receber de ti, um prato de canja acompanhado de um abraço para aquecer meu coração.
Nessa cama passam-se meus dias, já não posso caminhar. Voltei a ser um bebê, sem dentes e sem controle do esfíncter. Acredito que tenha sido o cheiro de minha frauda o que tanto te incomodou e te afastou de mim.
Para terminar tenho três segundos.
Eu ainda tenho esperança em voltar a vê-lo, mesmo que nem possa recordar que tu sejas realmente meu filho.
Se teu coração já esqueceu o endereço do asilo onde me internaste, tente seguir-me pelos passos marcados no chão.
Eu também já caminhei por onde caminhas tu...
NOTA: Este texto está inspirado numa propraganda cuja duração é de 1 minuto e 3 segundos. Convido-o, você leitor, para vê-la por YOUTUBE.
BCI – Fundación Las Rosas (1:03)
de Banco BCI (um senhor deitado numa cama acompanhado de uma moça)
Traduzirei o pequeno diálogo porque a linguagem ocupada contém alguns modismos próprios do Chile, resultando num espanhol que não será compreensível para todos.
“Olha, vovô, a mãe não pôde vir para vê-lo, mas lhe mandou isto. Olhe, chocolate, segure.
Olha Tata (vovô), eu já tenho que ir embora, mas na outra semana eu venho te ver.
Olha, la em casa todos nós lembramos do senhor.
Tchau, Tata, eu te quero muito. Tchau”