Cabelo Loiro

Vida cigana de caminhoneiro costura rodovia com agulha eremita, saudade vem aos poucos, goteira persistente em balde vazio. Faltavam dois dias para o merecido descanso, rever o moleque e receber o beijo calmo e erótico de esposa ausente. Parei pra passar a noite porque a chuva tinha zangado, o jeito era pousar na pensão de família que vi. Tava todo mendigo, meio molhado e fedido. Sentimento humano a gente percebe de graça; a loira da pensão lavou minha roupa. De certo ficou com dó. Levantei cedinho, bati volante e de noite já tava em casa. Moleque dormindo. A mulher pulou assanhada e me tirou a roupa; do banho ouvi o berro. Cabelo loiro desgraçou minha vida.

Giu Santos
Enviado por Giu Santos em 13/05/2011
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