Holocausto

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Atordoados, voltaram seus olhos para os céus, uma última vez. Entretanto, já não se viam olhares de esperança ou de oração, apenas súplicas e pedidos de piedade, exclamados pelos olhares, numa gritaria ensurdecedora velada no silêncio insano daquele instante. O silêncio da espera, o silêncio do fim.

A enorme bola de fogo pôs-se a descer do alto dos céus, seguida por um rastro de luz que varia toda a vasta escuridão noturna, dividindo-a, cortando-a, enquanto ameaçava fazer o mesmo com cada uma das almas que o observavam, tenebrosas. E, quando a bola atingiu o chão, foi como o amanhecer, como se o próprio Sol tivesse despertado no meio da madrugada e se precipitado sobre a Terra. A noite virou dia, e a luz cegou aqueles mesmos olhos suplicantes, que agora suplicavam apenas que fosse rápida a morte, e que realmente pudessem habitar um lugar melhor.

Um enorme estrondo ecoou, minutos depois da bola de fogo ter atingido o solo. Primeiro veio o vento, impiedoso, arrastando tudo o que estivesse pelo caminho, e, com ele, uma onda de mais de 10 metros, não de água, mas de terra; varrendo o que sobrasse, se é que poderia sobrar algo. E, então, todos os olhos finalmente se fecharam.

Gabriel Valeriolete
Enviado por Gabriel Valeriolete em 04/05/2011
Reeditado em 25/06/2012
Código do texto: T2948334
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