O príncipe.
O dia é igual a todos os outros de sua vida medíocre.
Arrasta os chinelos até a cozinha acanhada e escura.
Com gestos rápidos, prende os cabelos em coque improvisado e ligeiro, usando os dentes para abrir o grampo que irá garantir o penteado.
Olhando-se no espelho barato que repousa no armário de segunda mão, aplica o batom cuidadosamente.
Seu olhar é atraído para a janela do prédio em frente.
Mais uma vez ele está lá, tomando café enquanto olha o jornal do dia.
Espera que ele retribua seu olhar, mas ele levanta-se e dirige-se à porta.
Sai sem perceber o longo olhar de solidão requentada como o café que ela toma.
Ela suspira. Quem sabe amanhã ele vai virar príncipe?
Resgatá-la com promessas e beijos?
Quem sabe amanhã...