O derradeiro incidente
Antigamente os defuntos eram velados em suas próprias casas, de onde, às horas tantas, o cortejo fúnebre saía rumo à última morada, como se costumava dizer. E toda a vizinhança aparecia para o adeus final. O cadáver, asséptico e bem composto, ficava no seu caixão no centro da sala e era também o centro das atenções. A morte então tornava o homem o melhor vizinho, o melhor marido, o melhor pai. A mais prosaica das mortes parecia trazer à sua vítima uma aura de reverente grandeza.
No velório do doutor Percival, dono da farmácia no fim da rua, tudo parecia correr de acordo com os conformes. Até que aquela bela mulher, de todos desconhecida, arrebatou-se em prantos sobre o morto num desespero de dar dó...