Esperança

Sempre que ele falava em esperança – esperança de qualquer espécie: de tudo mudar, de dias melhores, coisas assim – o amigo retrucava:

- Esperança é ficção, Januário, ficção. Esperança não alimenta. A gente não come esperança. Entendeu?

Mas ele nunca entendia e aí o amigo emendava com a piada:

- É, você está certo. Esperança existe sim, aliás, todo espanhol que se preza costuma ter uma tia chamada Esperança. Ora faça-me o favor!

Mas nesse dia foi Januário quem falou:

- Sabe, estive pensando nesse negócio de esperança. Por exemplo, eu curtia a esperança de que as coisas pudessem melhorar e sempre tinha de adiar a esperança para o dia seguinte, e depois para o outro e para o outro... Puxa! Enquanto a gente fica nisso as coisas vão piorando...

- Escuta Januário, porque é que você está me dizendo isso?

- É o seguinte. Meu patrão é espanhol, sabe, e ele tem uma tia chamada Encarnación. Na semana passada eu fiquei conhecendo a filha dela. Vou-lhe dizer, amigo, foi amor a primeira vista. Adivinhe o nome dela...

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 21/04/2011
Reeditado em 21/04/2011
Código do texto: T2921890
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.