O berço
Ele havia já perdido a conta do número de vezes que começara a escrever o texto do anúncio para, em seguida, amassar o papel e atirá-lo ao cesto. Talvez fosse a presença daquele berço que parecia olhar para ele fixamente. Era o berço que o incomodava. O berço da neta. Por fim, tomou coragem e escreveu: “Berço. Vendo. Bom preço. Pouco uso”. E colocou o endereço e o telefone. Releu, achou que faltava alguma coisa, e acrescentou: “Não há o que recear, a doença não era contagiosa”.