A travessura de Caíque

Boa moça, a Judite.

Coitada, aflita, desaventurada.

Não imaginava que o destino lhe traria

Um filho, uma filha, e o fato.

O garoto, belo garoto,

Travesso, três anos.

Irrequieto, é verdade,

Mas criança, inventivo,

Tinha lá suas manias.

Carlos Henrique,

O lindo e travesso Caíque.

Sua mania que mais persistia

Era atirar brinquedos pela janela

Vê-los descer, sexto andar abaixo

E espatifar-se na calçada

Sua irmã, Aninha

Nascera já cabeluda,

Cabelinhos negros como a noite

Aos 60 dias de vida,

Mantinha os olhinhos também negros

Arregalados quase o tempo todo

Como que a espreitar as travessuras do irmão...

Boa moça, a Judite.

Naquela noite tudo estava bem...

Os três dormiam juntos

Estava calor, e o céu estava estrelado

Eis que o garoto, o endiabrado

Da cama desliza, quietinho

Sobe num banquinho

E mais uma travessura se consuma

Acorda a mãe,

E numa fala toda infantil e graciosa

Diz o indizível:

“Mãe, joguei ela”

Até ontem à tarde,

O estado de saúde de Aninha

Era gravíssimo...

Caíque, que já jogara muitos brinquedos caros

Na cabeça dos mendigos e passantes da rua

Dessa vez passara dos limites

No velório,

Uma tia o impediu de derrubar o caixãozinho

Mas não pôde evitar que o menino

Gritasse, alegre:

“Aninha, pula daí ! ”

Eron Levy
Enviado por Eron Levy em 02/05/2010
Reeditado em 29/11/2012
Código do texto: T2232713
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