FORMIGAS OPERÁRIAS!!

As formigas, pequenas arquitetas do mundo natural, trabalhavam com uma determinação impressionante. Em apenas três dias, haviam acumulado um montinho considerável de pó de tijolos, retirado de trás do azulejo fixado na parede. Estavam montando um ninho, um refúgio para sua colônia, com uma precisão e dedicação que me fascinavam.

Fiquei observando as formigas entrarem e saírem da parede, carregando pequenos grãos de pó em suas mandíbulas. Era como se estivessem construindo uma cidade em miniatura, com ruas e túneis intricados. Mas, infelizmente, escolheram um lugar não apropriado para a tarefa. O ninho estava condenado a ser destruído.

Varri o projeto de ninho para a lixeira, sentindo-me um "antiambientalista", como se estivesse interferindo na ordem natural das coisas. Mas, ao mesmo tempo, não pude deixar de pensar no poema de Manoel de Barros, que descreveu as formigas com uma visão única e poética. Só não consegui ver o cu delas, como ele descreveu em seu poema.

A cena das formigas trabalhando me fez refletir sobre a vida e a morte, sobre a criação e a destruição. É um ciclo constante, onde as coisas são criadas e destruídas, em um processo infinito. E eu, com meu gesto de varrer o ninho para a lixeira, fui apenas um agente desse ciclo, um pequeno ator em um grande teatro.