Pouco a pouco
Primeiro, os ratos roeram a paz. Roída a paz. Passaram a roer os momentos de descanso. Roídos os momentos de descanso, passaram a roer o corpo. Depois a carne. Depois a vontade de viver. Depois o osso, a caliça do osso. Até que por fim roeram a memória do osso. E quando não havia mais nada para roer, roeram-se a si mesmos.