Vulnerabilidade
O chumbo entrecortado por espadas de fogo produziam clarões curiosos, a passarada se agitava num entra e sai dos beirais.
Os tambores rufavam ao longe, logo mais a chuvarada inundava ruas e avenidas novamente, e transeuntes exaustos se protegiam como podiam. Tudo era vulnerabilidade...
As luzes da cidade eram fartas, e ao longe, pareciam ofuscadas pelo forte temporal.
No silêncio do quarto escuro, os olhos apreciavam o lusco-fusco da vidraça respingada, no diálogo interno se deparava palmilhando velhas lembranças ou inventando um provável futuro...brotava ora o medo, ora a esperança. Suspirou.
À noite as sombras se agigantavam, mas sabia que poderia ser somente um efeito do ângulo de onde vinha a "luz".
Lembrou que lera dias antes, "não havia esperança sem medo, nem medo sem esperança". Adormeceu.
(A frase entre aspas é atribuída à Baruch Espinosa).