Noturno
Acordou no meio da noite sem motivo.
Foi até a cozinha tomar um copo de água da torneira, que estava morna e enferrujada. Abriu a janela para que a brisa entrasse. Inspirou profundamente e antes que pudesse expirar, sentiu uma dor excruciante no pescoço.
Os olhos arregalados captaram na janela seu reflexo ensanguentado, a faca cravada até o cabo, e atrás dele, uma figura escura, alta e magérrima de olhos vermelhos.
Ficou indeciso entre o alívio de que morreria antes de ter que encarar a criatura, e o desespero de já estar morto e que aquela agora era sua realidade.