Pancadas
Casa herdada do tio-avô, era um lugar enorme de paisagem melancólica, ideal para sua criação literária. Dispensou o caseiro, queria ficar à vontade em seu ofício de escritor.
Certo dia, enquanto escrevia sua mais nova obra, um thriller de tirar o fôlego, ouviu batidas, mais ainda, algo estranho, batidas rítmicas, pareciam inteligentes e estavam muito perto. Julgava-se sozinho, o que lhe deu calafrios.
Subiu as escadas sentindo o coração pulsar no peito, portava um punhal, estava procurandoo som das pancadas vigorosas que ficava cada vez mais alto, os ruídos pareciam vir do quarto. Entrou e pareceu-lhe que algo se mexia no grande armário guarda-roupa.
Colocou sua mão trêmula na maçaneta e ouvindo mais um ruído, abriu a porta. Quase perdeu os sentidos quando algo pulou para cima dele, algo com sua própria face. Contudo esfaqueou-o repetidas vezes com o punhal.
No dia seguinte, encontraram seu corpo frio, em frente a porta do armário, aberta, seu sangue cobria todo um grande espelho.
Para todos os efeitos, tirou a própria vida da forma mais perturbadora que poderia conceber, assim como fizera o tio-avô.