Pobre Menina Rica
Olhando para aquela lápide, ficou pensando em quantas vezes brigou com filha, dizendo;
- Leila, quer saber quantas garotas gostariam de estar no seu lugar?
- Pai não é isso, o senhor não entendeu!
- O que é para entender? Que você é uma moça mimada, que pensa que o mundo gira entorno do seu umbigo.
Fora tantas vezes que ele e a esposa disseram isso para filha que perdeu a conta. Mas todos pensavam que realmente ela queria mais e mais para si. Todos perguntavam o que faltava para ela? Tinha tudo, queria, era muito bonita, muito rica, tudo que queria, tinha. Ninguém entendia o vazio que ela sentia dentro de si, o tamanho de sua solidão e dor, o olhar vazio e perdido que tinha. Só entenderam no dia do seu velório, assim mesmo quando as pessoas cochichavam entre si dizendo, coitada, tinha tudo, ao mesmo tempo, não possuía nada. Estão dizendo que acharam um bilhete ao lado do seu corpo que dizia “Pobre menina rica que sou” tenho tudo que o dinheiro compra, mas não tenho o principal que é amor, carinho. Esse nunca conhecera, por isso estou indo, preciso dar descanso para minha alma atormentada, adeus papai, mamãe e família, amo todos vocês. Vou sentir saudades.”
Parado ali, seu pai pensa, poderia ter prestado mais atenção, amado mais, pensava que o dinheiro bastava, porém, para você, ele não era importante, perdão filhinha amada. Sua mãe nem pensa, só chora. A mulher altiva, orgulhosa, virou um fiapo diante da trágica partida, abraça seu marido, os dois caem de joelho diante da dor que está sentido, aprenderam que nem tudo o dinheiro compra.
Lucimar Alves