O chá.
Um leve sopro, caiu a última pétala da flor. Ela acompanhava a leve queda, serena, de um ser pleno de sua existência a ir em direção ao seu continuar: morte. Suspirou, novamente.
— Você acha que ainda virá?
Marta, empregada, vinha com o chá: — Claro, senhora. Promessa é promessa.
Pôs a xícara miúda na mesa também branca, junto do pires de extremidades azuis. Subia o aroma; também o vapor quente, como fantasma velante dos vivos.
Pelo cheiro, ela já sabia: — Marta... sabe que agora pensei: você, aqui, trabalha há mais de vinte anos, para mim, me vendo quase diariamente. Deve me conhecer tão bem...
Marta teve surpresa, mas ficou agraciada: — E todo esse tempo mantenho o prazer de estar contigo, Eliza...
— Não duvido, meu anjo. Teve todos esses anos junto de mim, sabe bem que gosto de chá. Tem até os que tomo de acordo com a ocasião.
— Sei disso, senhora! - e riu, conhecia Eliza como se fosse filha dela.
A mulher, cuja pele alva começava a brilhar devido ao suor, disse: — Por que me trouxeste hoje justamente o chá que tomei quando recebi aquela ligação do incêndio?