Ida à vida
Ele veio chegado lá do mato, a mando, numa luta em si contra sua estultícia. "E aí?", perguntou o mais-mais, barrigão e cheirando a cigarro de palha. "Vamos indo...". "E vai, parece que uma onça comeu foi a língua!?" ralhou o Irásio, já se contando os fios brancos para carequice total. Joberto, calado, sessério, marchava com pisadas de quem sobe em chão íngreme, olhando aos outros de relance, com cara de quem só se preocupa é com o si da coisa, do a-fazer. Os colegas todos, vendo, silenciaram também, cruzando as mãos, enfechando as graças. Joberto ia ao casarão, levando papeizinhos amarelados, banhados em ouro jovem; bem da missão. E os meses que passou fora, sem dar notícia? Por ordem! Foi Anastácio Quintino, o dono da fazenda, quem lhe designou à expedição: e que não voltasse até conseguir; esquecesse de que ali tinha cama, cavalo, amigos e trabalho; vida não mais, ali era um buraco. Sete meses, então retornou, com avisos do menininho Castrinho. Se dirigia à verdade, buscando aprovação: Seo Quim tomaria conta das folhas, leria tudo e daria o veredito. Há três anos atrás, quando chegou, já bem novinho, analfabeto, sem tenção, foi esse mesmo velho quem pôs a mão no ombro e abriu o riso - mais tarde o chamou de filho.