Solitários
Branca Flor saiu andando a esmo por estar cansada de ser só, queria ver e sentir cheiro de gente. Enquanto caminhava pensava em sua vida miserável, como também acreditava haver estragado tudo, ao encolher-se por medo de viver, de sentir-se viva, foi isto que fez a vida toda, não podia culpar ninguém por sua situação além de si mesma. Foi quando sentiu ter atropelado alguém sem querer e sem ver, por estar tão envolta em seus pensamentos, não viu quando foi de encontro a outra pessoa, que também havia saído de casa pelos mesmos motivos que ela, pensando quase as mesmas coisas. O esbarrão fora tão grande que levou Cravo ao chão, olhou, viu ser um homem de meia-idade, com os cabelos revoltos, barba por fazer, pediu desculpas. Estendeu as mãos para ajudá-lo a levantar-se, com esse gesto, pensa aliviar sua culpa, o convida para tomar um café, no que ele aceitou de pronto saíram dali no maior papo, ao chegar a cafeteria, continuaram a conversar, o café esfriou, mas eles não paravam de se falar, parecia que se conhecerem a vida toda. Maria Flor e Cravo, foram embora, cada um, seguindo sua vida medíocre, tiveram medo.
Lucimar Alves