TEM CHIFRES NO CAMINHO
Ela casada, ele também, mas trocaram olhares de cumplicidade na rua do centro. Num gesto ousado, pediu o telefone dela por mímica. Ela sorriu faceira, passou a mão nos cabelos com aquele toque de quem está interessada, tirou caneta e bloco de papel e escreveu o número do seu telefone, jogando-o no chão próximo a ele. E se foi. O que ela não sabia é que trabalhadores de uma obra ali perto viram a cena toda e riram com ironia. Conheciam o marido dela, não perderiam a oportunidade de tirar sarro dele quando o encontrassem no bar sábado. Embora não fossem amigos, bebiam juntos em turma. Às gargalhadas de zombaria, gritariam: " entre os aqui presentes tem um corno! " E esperariam a reação dele. A vida, as vezes, tem chifres no caminho.