O CARCARÁ E O MOCÓ

Sobrevoando o cerrado glamouroso, atento a qualquer movimento no meio do entranhado de galhos e folhas, o carcará avistou o mocó e se preparou para o ataque. Seu delicioso café da manhã já o esperava. Como um jato, ele disparou do céu em direcão ao chão, cortando o ar e antegozando o sabor de sua presa. Mas a natureza é sábia, e assim como dota os falconideos da visão privilegiada, reveste suas possíveis presas com a argúcia da percepção dos perigos. Assim, quando o carcará arremeteu para capturar a pretensa refeição matutina, o mocó, que o avistara a poucos metros das árvores e do mato, deu um salto espetacular e afastou-se às carreiras no momento em que o predador chegou perto de agarra-lo. Este, se não fora rápido o bastante, teria se esborrachado no chão pois seu cálculo na descida violenta não incluía a possibilidade de o mocó fugir de suas garras. Foi final feliz para a presa e fome para o predador.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 26/05/2022
Código do texto: T7524215
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