O MISERÁVEL DO EREMITA

Dormia com os pássaros, num leito improvisado sobre enorme árvore, sob o olhar das estrelas e do luar. Escutava apenas a própria voz, comia frutas silvestres, pequenos roedores, algumas aves e bebia água do riozinho a poucos metros. Por companhia as folhas, os galhos, os bichos que rondavam em derredor, o silêncio. Não tinha a quem abraçar, a não ser a si mesmo e ao tronco da árvore, não recebia carinho senão aquele da brisa, carecia de aconchego, arremedado pelo calor do sol e o frio da noite. Sentia-se abandonado, todavia entendia os motivos, fazia o mea culpa; mordia-o a solidão, mas sendo fugitivo da Justiça por ter cometido atos de desatino, não podia voltar ao convívio na sociedade. Era um pária, um bicho da cidade escondido no mato. Só lhe restava ter pena de si mesmo.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 25/04/2022
Reeditado em 25/04/2022
Código do texto: T7502484
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