ENIGMA (microconto)
Ainda pequeno, achou um papel: letras estranhas, língua desconhecida, texto indecifrável.
Sempre foi sua obsessão traduzi-lo.
Aos estrangeiros que chegavam no remoto vilarejo, logo perguntava:
- Conheces? A resposta era sempre negativa.
Até que um dia um homem, lentes fundas, chapéu cartola. Diziam que era um linguista de longe.
O texto, já débil no amarelado papel, foi traduzido facilmente.
Viu-se que não era nada de importante, mas no coração do homem morreu a razão.
Foi encontrado enforcado, dois dias depois.