NO PARQUE UPANEMA
Saudoso, resolvi revisitar o Parque Ipanema. Assentei debaixo de uma árvore. Retirei da mochila quatro ou cinco livros e os fotografei, minha amiga Nena de Castro, diria que sou louco por carregar tantos livros, concordaria com ela. Escolhi abrir o livro Morangos Mofados, do extraordinário Caio Fernando Abreu, e por coincidência abri na página do conto Sargento Garcia, é o que mais gosto, obra-prima do autor, como tantos outros. É o meu preferido. Depois de lido tão magnífico texto, olhei para o catavento circulado pelo caramanchão, resolvi ir até lá desfrutar de tão deliciosa sombra.
Chegando lá avistei todo o Parque, lembrei dos meus amigos, dos livros lidos, das intermináveis discussões sobre arte, das preocupações e angústias acerca dos temores sobre os rumos da política do Brasil, compartilhávamos nossos textos, discordávamos sim, dali tenho certeza, nossa amizade fraternal e artística foi consolidada. E como esquecer dos saraus literários? Jovens lutando por suas causas. E as manifestações de mulheres, negros, lgbqia+?
Há um vazio no Parque Ipanema, apesar da sua exuberância, confesso tive vontade de chorar.
Girvany de Morais.