Invisível
Por que será que ele me ignora? Cada dia que passa eu fico mais triste sabendo de minha desimportância para ele. Ora... eu o toco, grito, chamo atenção de várias as formas e nada. Agora está sentado numa cadeira enquanto vê qualquer-besteira pela tela do monitor, mas, independente de estar aí ou não, eu pareço estar invisível - eternamente invisível. Estou o tempo todo perto, mas mais parece que inexisto. A única vez, me lembro, foi quando ele resolveu acender uma velazinha num altarzinho que fica num cantinho da casa... Tem uns santinhos e uns retratos: há um meu lá. No meio, ao lado fica a mãe, do outro o pai. Ele ajoelhou-se lá e ficou cochichando. Cheguei a ouvir, curiosamente enquanto escorria algumas lágrimas, que queria ver-nos novamente... Foi nesse momento que eu o chamei, mais uma vez. E foi nesse momento, o único dentre todos esses outros do dia a dia, que ele pareceu me ouvir...
~
ñ. r.