Senhor do Tempo
Simão enchia a boca quando dizia ser dono do seu próprio tempo. Tudo acontecia conforme o idealizado, não existia isso da vida ser governada pelo relógio do tempo de Deus. Sua esposa sempre dizia;
- Simão, Simão deixa de bestagem!
- Mulher, você é cheia de superstição, acredita em tudo.
Certa tarde ao passar por uma rua sente uma fisgada no peito, uma bala perdida o atinge, passando milímetro do coração. Ao recuperar, gaba que soube controlar a situação. O tempo é implacável não para. Soube disto ao olhar demoradamente para si no espelho vendo que a velhice havia chegado. Reconhecendo que não era nada, naquele momento, a vida estava apenas cumprindo o seu papel. Logo deixaria de existir, sua arrogância, prepotência de nada serviu, a não ser para ser comparado como o bobo da corte. Com o seu jeito afastou todos de perto, sua família, se foi por não aguentar mais. Em sua casa, morava ele, a zeladora. Estava só, ninguém o visitava. Chora sua solidão por não ter podido controlar o tempo.
Lucimar Alves