Paro
Passava eu por ali. Assim, resolvi me acomodar. Sentei-me num banco. A praça, verde, bonita, cheia de gente. À minha frente, crianças brincavam. Muitas. Corriam, pulavam, riam, refestelavam-se. Ali, brincando, nem faziam ideia de que o mundo estava para acabar. Você poderia me perguntar "Mas elas devem?", "Devem o quê?", "fazer ideia de que estamos acabando?", "Hmm. Acho que não. Não agora", eu responderia, incerto. De qualquer modo, deixemos que elas brinquem. Ainda sentado, observo-as. Alguns pedaços da minha infância aparecem, junto com um meio sorriso. Ah, tempos de luz! Hoje, só nuvens carregadas, escuras acima de mim. As crianças brincando me desanuviam. Por isso, quando posso, paro para olhá-las. Não importa se numa praça ou noutro lugar, não importa; se elas brincam, paro. Paro e observo e dou um meio sorriso.