O debate
Nos ditos furiosos e falaciosos, a apontar como faca o dedo na cara de outrem, cuspia sua verdade absoluta. Do outro lado, ouvia tudo com grande atenção e serenidade - a calma dos corretos (ou dos cínicos sofistas?) - a esperar por sua "vez" de falar. Passaram alguns minutos. A gritaria continuava, já desconfiava se teria mesmo um momento de fala - ele é que não disputaria a voz. Aquela coisinha enrubescida, pequeninita (de tamanho físico?) e raivosa não cansava nos ditos: mentiras, mentiras e mentiras; repetidas ou tiradas do âmago criatívico da mente. Era até nauseante. O outro já pensava se valeria a pena falar algo - se é que conseguisse. Pensou acerca do que era dito... Mentiras. Desmenti-las, uma por uma, demoraria bastante... Apesar de ser um ávido buscador (e defensor) da verdade, sabia que jogar "pérolas aos porcos" era um erro. Insistiria algo a quem não quer? Uma mentira desmentida era defendida por mais três. Um vício. Uma armadilha. Deu as costas e saiu.