MULHERES E SEUS MIMIMIS
Nesta semana da mulher, trago à baila um microconto bastante apropriado: CINCO “modas”. Mas antes de tudo, vale alertar ao leitor menos atento que esta crônica “contém ironia”.
Eis o microconto:
Há cinco modas que as mulheres adquiriram com o passar do tempo e que incomodam muito. É muito mimimi de pessoas que sempre foram subjugadas e não aceitam que as coisas continuem assim. Chato isso, né?
1º mimimi: Não é incômodo que elas tenham um salário igual? Não, não é, porque as mulheres ainda ganham menos que os homens. Incomoda que a diferença esteja diminuindo.
Isso se baseia em estatísticas, ok? Não valem casos fora da curva. Porque com casos isolados é possível criar qualquer argumentação, mas isso acaba criando uma falácia lógica.
2º mimimi: É chato ver uma mulher morar sozinha, dona de si, autônoma, sem se sujeitar a ninguém. Como que vamos poder nos aproveitar da sua dependência para impor a nossa vontade?
3º mimimi: Mais chato ainda é uma mulher na rua de roupa curta. Tá pe-din-do! Porque só homem pode andar sem camiseta por aí sem se preocupar em assédio ou estupro. Esse direito é nosso, exclusivo! Querem nos tirar!
4º mimimi: Beber cerveja, nem se fala. Mulher que é mulher, bebe chá com as amigas, enquanto cuida dos filhos. Um suquinho natural até pode ser, porque tem que manter a forma para que seus donos -ou vai dizer que também perdemos o título de donos?- possam curtir as formas dentro do padrão estipulado socialmente.
E por fim, arrebatador, o quinto mimimi dessas mulheres que imploram por serem iguais a nós: que audácia! Sexo com prazer.
Comecemos pelo princípio que “sexo” e “prazer” são substantivos masculinos. Por esse argumento súper profundo já dá pra refutar essa exigência feminina. É um absurdo que queiram roubar essas duas palavras para elas. E como fica a nossa masculinidade frágil?
Para encerrar a desconstrução das exigências dessas mimizentas, apresento mais duas observações relevantes.
A primeira é que o machismo é estrutural na nossa sociedade, assim como o racismo e muitos outros aspectos socioculturais. Desconstruir-se é um processo constante e que, ainda que haja boa vontade, não é fácil e permite que ocorram deslizes durante essa caminhada.
Por isso, não falo aqui com purismo, nem generalizando. Seria hipócrita, moralista e raso. Falo sobre esse processo e alguns aspectos da desconstrução que a luta feminista tem galgado na psique de cada um.
E a segunda observação e não menos importante é que todo o texto se debruça sobre o binarismo homem X mulher, sem considerar demais identidades de gênero e orientações sexuais. Como já disse antes, não é numa breve crônica que o assunto se encerra; ela antes serve para suscitar a discussão acerca do tema abordado, assim como o faz o microconto no livro.
A propósito, o microconto “CINCO “modas” está no Capítulo XVII, página 124, do livro Nirvana, lançado em novembro de 2020. O livro físico está à venda diretamente comigo e o e-book, na Amazon: https://amz.onl/9OXotZO
Nesta semana da mulher, trago à baila um microconto bastante apropriado: CINCO “modas”. Mas antes de tudo, vale alertar ao leitor menos atento que esta crônica “contém ironia”.
Eis o microconto:
Há cinco modas que as mulheres adquiriram com o passar do tempo e que incomodam muito. É muito mimimi de pessoas que sempre foram subjugadas e não aceitam que as coisas continuem assim. Chato isso, né?
1º mimimi: Não é incômodo que elas tenham um salário igual? Não, não é, porque as mulheres ainda ganham menos que os homens. Incomoda que a diferença esteja diminuindo.
Isso se baseia em estatísticas, ok? Não valem casos fora da curva. Porque com casos isolados é possível criar qualquer argumentação, mas isso acaba criando uma falácia lógica.
2º mimimi: É chato ver uma mulher morar sozinha, dona de si, autônoma, sem se sujeitar a ninguém. Como que vamos poder nos aproveitar da sua dependência para impor a nossa vontade?
3º mimimi: Mais chato ainda é uma mulher na rua de roupa curta. Tá pe-din-do! Porque só homem pode andar sem camiseta por aí sem se preocupar em assédio ou estupro. Esse direito é nosso, exclusivo! Querem nos tirar!
4º mimimi: Beber cerveja, nem se fala. Mulher que é mulher, bebe chá com as amigas, enquanto cuida dos filhos. Um suquinho natural até pode ser, porque tem que manter a forma para que seus donos -ou vai dizer que também perdemos o título de donos?- possam curtir as formas dentro do padrão estipulado socialmente.
E por fim, arrebatador, o quinto mimimi dessas mulheres que imploram por serem iguais a nós: que audácia! Sexo com prazer.
Comecemos pelo princípio que “sexo” e “prazer” são substantivos masculinos. Por esse argumento súper profundo já dá pra refutar essa exigência feminina. É um absurdo que queiram roubar essas duas palavras para elas. E como fica a nossa masculinidade frágil?
Para encerrar a desconstrução das exigências dessas mimizentas, apresento mais duas observações relevantes.
A primeira é que o machismo é estrutural na nossa sociedade, assim como o racismo e muitos outros aspectos socioculturais. Desconstruir-se é um processo constante e que, ainda que haja boa vontade, não é fácil e permite que ocorram deslizes durante essa caminhada.
Por isso, não falo aqui com purismo, nem generalizando. Seria hipócrita, moralista e raso. Falo sobre esse processo e alguns aspectos da desconstrução que a luta feminista tem galgado na psique de cada um.
E a segunda observação e não menos importante é que todo o texto se debruça sobre o binarismo homem X mulher, sem considerar demais identidades de gênero e orientações sexuais. Como já disse antes, não é numa breve crônica que o assunto se encerra; ela antes serve para suscitar a discussão acerca do tema abordado, assim como o faz o microconto no livro.
A propósito, o microconto “CINCO “modas” está no Capítulo XVII, página 124, do livro Nirvana, lançado em novembro de 2020. O livro físico está à venda diretamente comigo e o e-book, na Amazon: https://amz.onl/9OXotZO